Mulher sente mais dor crônica que o homem


Jornada de trabalho feminina aumenta o estresse e contribui com o desenvolvimento da dor.
MARCOS UCHÔARio de Janeiro

Magnetismo, eletricidade, radioatividade, gravidade, calor, ar, vento. Estamos cercados por fenômenos que não vemos, mas sabemos que existem e são reais. A física prova isso. No nosso físico, no nosso corpo, existe algo parecido: a dor. Quem sente pode gemer, gritar. Isso está na cara, mas a dor em si, não podemos ver.


A dor: feminino. O sofrimento: masculino. De que maneira homens e mulheres reagem de formas diferentes a essa experiência?

Teoricamente, um homem pode passar pela vida sem sentir dor. Para uma mulher, é bem mais difícil. Existem requisitos da função que vêm com a natureza. O parto, por exemplo. Já fazer depilação é quase uma imposição cultural. Mas existem outros problemas.

"A mulher tem cólica menstrual, mais dor de cabeça, usa sapatos e roupas mais apertados. Ela convive com a dor. Mas hoje, no século 21, temos que pensar quais são os outros motivos que fazem a mulher ter mais dor crônica? A inserção que essa mulher está tendo no mercado de trabalho e a dupla ou até tripla jornada. Obviamente, essa jornada maior leva a um grau de estresse maior e a um grau de desenvolvimento de dor crônica", explica o neurocirurgião Alexandre Amaral, do Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro.

São até oito mulheres com dor crônica para cada homem. Mas ser homem também tem a sua carga de dificuldades quando se trata de dor. Essa coisa de "tem que ser macho" só atrapalha. Ao contrário da mulher, o homem demora demais para procurar ajuda médica.

"Ele tem que ser estóico, aquele que sustenta a família, que não esmorece nunca. De repente, ele tem uma dor que o esmorece. Isso acaba sendo um sofrimento a mais. É muito difícil para o homem se sentir fragilizado", diz a psicóloga Cecília dal Magro.

O advogado Antônio Carlos da Costa chegou ao hospital em petição de miséria. "Eu cheguei de quatro, feito um macaco. Hoje estou de pé, andando normalmente, com problema só em uma perna. Eu cheguei com dores horríveis, que nem morfina resolvia, nas duas", descreve.

Para a doméstica Maria das Graças Vieira Melo, não teve fisioterapia que desse jeito. Uma cirurgia malsucedida gerou três anos de dores atrozes. Teve que entrar na faca de novo. Desta vez, ela implantou um aparelhinho supermoderno direto na coluna, na raiz do problema. Agora ela está, quase, pulando de alegria. "Dormir sem remédio já é uma grande coisa. Agora tenho vontade de trabalhar, continuar a vida, passear, brincar", adianta.

O homem é mais forte; a mulher vive mais. Mas quando se trata de dor, ambos querem a mesma coisa: um final feliz.

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