Psoríase
Psoríase (do grego psora "coceira" + -sis "ação, condição") é uma doença inflamatória crônica da pele, podendo afetar mucosas, unhas e até articulações. Cerca de 2-3% da população tem psoríase, que acomete homens e mulheres de qualquer idade, sendo frequente o seu aparecimento na terceira década de vida. É caracterizada pela presença de lesões avermelhadas, bem delimitadas, descamativas,em qualquer parte do corpo. Apresenta período de melhora e piora ao longo da sua evolução. A psoríase pode levar a uma piora na qualidade de vida dos pacientes, devido ao preconceito das pessoas que os cercam.
É agravada por fatores psicológicos, estresse, frio, baixa umidade, ingestão de álcool e tabaco e corticosteróides. Não é contagiosa, sua causa mais frequente é genética associada a fatores psicológicos. A escolha do tratamento deve ser feita considerando-se a gravidade e a extensão do quadro clínico e do comprometimento psicoemocional. Atinge 2% a 3% da população mundial sendo mais frequente em pessoas brancas (cerca de 80% dos casos) com vulnerabilidade genética.
Por tipo de manifestação
- Rigidez matinal nas articulações
- Fragilidade/Sensibilidade nas articulações
- Edema, Inchaço, Rubor
- Anomalias das unhas
Psoríase Ungueal: Ocorre em cerca de 70-80% dos pacientes e produz uma variedade de mudanças na aparência de unhas e pés. Estas alterações incluem descoloração (amarelamento), linhas cruzando as unhas e espessamento da pele abaixo da unha que leva a quebra e afrouxamento (onicólise) das unhas.
A psoríase pode se manifestar de diversas formas:
Psoríase em Placas é a forma clínica mais comum desta doença e apresenta-se como placas numulares ou ovais nos cotovelos, joelhos, couro cabeludo e tronco, iniciando insidiosamente e permanecendo estacionária por longos períodos de tempo. Associa-se freqüentemente ao fenômeno do koebner e por vezes toma o aspecto arcifome, serpiginoso ou angular.
Psoríase Vulgar(L40.0): é a manifestação mais comum representando em torno de 80 a 90% dos casos. Lesões de tamanhos variados, delimitadas e avermelhadas, com escamas secas, aderentes, prateadas ou acinzentadas que surgem no couro cabeludo, joelhos e cotovelos;
Psoríase Palmoplantar caracteriza-se por apresentar placas hiperceratósicas, acometendo mais os locais de atrito, podendo ocorrer isoladamente ou, mais frequentemente, acompanhando psoríase em outras localizações. As lesões aparecem como fissuras nas palmas das mãos e nas "plantas" (solas) dos pés.
A combinação de Esperson (20g), Cold Cream (20g) e ácido salicílico (1,2g) constitui uma pomada de uso tópico que reduz as lesões palmo-plantares. Para potencializar esta medicação, pode-se usar um oclusivo (envolver as mãos ou os pés com um saco plástico enquanto a pomada age, durante a noite, por exemplo). Esta formulação tem como efeito colateral o afinamento da pele, devendo seu uso ser prescrito e controlado por um médico. A auto-medicação é fortemente desaconselhada.
Psoríase em Gotas ou Psoríase Gutata é um tipo de psoríase que se manifesta na forma de pequenas lesões em forma de gotas, de cor rosa-salmão, sobre a pele. A palavra "gutata" deriva do latim gútta,ae ('gota, pingo'). Caracterizado por numerosos pequenos pontos redondos parecidos com gotas (diagnóstico diferencial pitiríase rosea-lesão forma-oval). Estas numerosas "gotas" de psoríase aparecem em grandes áreas do corpo, tais como o tronco, membros e couro cabeludo. A psoríase gutata pode estar associada à infecção estreptocócica da garganta.
De aparecimento abrupto, acomete especialmente o tronco e as extremidades. São mais frequentes em crianças e adultos jovens e aparecem pouco semanas após uma infecção estreptocócica.
Psoríase Pustulosa: é uma forma rara de psoríase, doença inflamatória que afeta o ciclo de vida das células da pele. Aparece como lesões não-infecciosas com pus (pústulas). A pele debaixo e em torno das pústulas fica vermelha e macia. Psoríase pustulosa pode ser localizada, geralmente para as mãos e pés (pustulose palmoplantar), ou generalizada com manchas espalhadas por qualquer partes do corpo. A psoríase pustulosa se caracteriza pelo aparecimento de lesões com pus, que podem ser localizadas ou generalizadas.
Pustulosa Localizada: É conhecida também como psoríase pustulosa palmoplantar ou psoríase de Barber e apresenta-se como pústulas estéreis, acometendo os dedos e as regiões volares das mãos e dos pés. O processo é extremamente crônico, sendo mais frequente em mulheres adultas. Junto com a bacteride pustulosa de Andrews é agora classificação PPP e etc. Relato sem comprovação científica de portador de psoríase pustulosa localizada: Fui portador dos 14 anos aos 43 da enfermidade, quando descobri o agente causador da enfermidade. O frio causava processo alérgico com tosse seca. Através de auto-medicação tomei o remédio Hexizine inicialmente 1 comprimido duas vezes ao dia e em duas semanas somente 1 ao dia por no máximo 2 meses. Após interrompi e esporadicamente tomo um ou dois comprimidos. Desde então, solucionei a tosse intermitente, porém sazonal com o período do inverno e, curiosamente a 1 ano não tenho mais a psoríase pustulosa localizada nas unhas de dois dedos.
Pustulosa Generalizada:
Quadro raro, por vezes fatal, caracterizado por erupção pustulosa repentina, em doentes com formas de envolvimento moderado ou com artrite psoriática ou com eritrodermia esfoliativa, e acompanhada de febre, leucocitose, artralgia mal-estar e outros fenômenos constitucionais. As pústulas podem coalescer formando grandes lagos de pus. Pode acontecer crianças que apresentam um prognóstico melhor do que os adultos. Por vezes é desencadeada pelo uso e pela posterior interrupção de corticosteróides sistêmicos, pelo uso de iodetos,salicitados e progesterona e por hipocalemia.
Psoríase Flexural ou Psoríase Inversa:
Acomete áreas intertriginosas, axilares e regiões inguinocrural e interglútea, sendo difícil sua diferenciação da dermatite seborréica e de outros intertrigos devidos ao seu aspecto clínico.
Costuma apresentar lesões mais úmidas, localizadas em áreas de dobras (embaixo das mamas, área genital, entre nádegas). aparece como manchas lisas inflamadas de pele. Ela ocorre em dobras da pele, especialmente em torno dos genitais (entre a coxa e a virilha), nas axilas, entre os "pneuzinhos" (excesso de gordura abdominal), e embaixo das mamas (pregas inframamárias). É agravado pelo atrito e suor, e é vulnerável a infecções fúngicas.
Psoríase Artropática ou Artrite Psoriática: é um tipo de artrite inflamatória que afeta em torno de 5-7% (de acordo com o Manual de Oxford de Medicina Clínica) das pessoas que sofrem de psoríase crônica na pele. É chamada de Artrite Psoriática por ser uma espondiloartropatia soronegativa e acontece mais comumente em pacientes com tipo de tecido HLA-B27. O tratamento de artrite psoriática é semelhante ao de artrites reumáticas. Mais que 80% dos pacientes com artrite psoriática terá lesões psoríticas nas unhas, caracterizadas pelo seu descaroçamento, ou mais extremamente, perda da própria unha (onicoliose).
Artrites psoriática pode acontecer em qualquer idade, porém em média tende a aparecer aproximadamente 10 anos depois dos primeiros sinais de psoríase. Para a maioria das pessoas isto está entre as idades de 30 e 50, mas também pode afetar as crianças. Os homens e mulheres são igualmente afetadas por esta condição. Em aproximadamente um em sete casos, os sintomas de artrite podem acontecer antes de qualquer envolvimento de pele.
Também causa inflamação nas juntas e pode causar tendinite.
Sintomas:
O edema pode ser difuso ao longo de todo um dedo causando a aparência de "dedo em salsicha".
Em casos que afetam a coluna, é mais comum ocorrer uveíte.
Há dois padrões básicos, um que afeta a coluna e outro as articulações das extremidades. Na coluna, há dor lombar e nas nádegas.
Também há chance dos movimentos respiratórios serem afetados, quando a doença alcança as articulações das costelas com a coluna torácica. Produz, ainda, dores na nuca ou na coluna cervical.
Há possibilidade de afetar os tendões e de atingir a planta dos pés, gerando fascites e bursites.
Considerando os sintomas consideram-se cinco tipos principais de artrite psoriática:
Assimétrica: Este tipo afeta 35% de pacientes e é geralmente moderada. Este tipo não acontece nas mesmas juntas em ambos os lados do corpo e normalmente envolve 2 a 4 juntas.
Artrite Mutilante: Afeta menos que 5% dos pacientes e é severa, deformamadora e destrutiva. Esta condição pode progredir durante meses ou anos que causam dano em comum severo.
Espondilite: Este tipo é caracterizado por dureza da espinha ou pescoço, mas também pode afetar as mãos e pés, em uma linha semelhante à artrite simétrica.
Interfalangeal Distal Predominante: Este tipo de artrite psoriática é encontrada em aproximadamente 5% de pacientes e é caracterizado por inflamação e dureza nas juntas mais próximo dos dedos das mãos pés. Mudanças nas unhas são freqüentemente marcadas.Existem ainda outras formas mais raras de psoríase como na córnea, orelha ou nariz. É comum múltiplas formas de manifestações simultâneas no mesmo paciente.
Sinais e Sintomas
Como é uma doença que afecta a pele, órgão externo e visível, esta doença tem efeitos psicológicos não negligenciáveis. Com efeito,como a forma como cada indivíduo se vê está relacionada com a valorização pessoal numa sociedade que é, muitas vezes, mais sensível à aparência exterior que a outras características da personalidade, o melhor cuidado a ter com uma pessoa afetada por esta doença é dar-lhe apoio psicológico (ternura, carinho, afeto, atenção...).
Mais de 70% dos pacientes apresentam prurido moderado ou intenso. Comprometimento articular atinge cerca de 25% dos casos. O abcesso de Munro pode ser visto em 60% dos exames histopatológicos. Mais de 70% relatam dores nas articulações e 30% desenvolvem artrites
Manifesta-se com a inflamação nas células da pele, chamadas queratonócitos, provocando o aumento exagerado de sua produção, que vai se acumulando na superfície formando placas avermelhadas de escamação esbranquiçadas ou prateadas. Isso em meio a um processo inflamatório e imunológico local. O sistema de defesa local, formado pelo linfócitos T, é ativado como se a regi~]ao cutânea tivesse sido agredida. Em consequência, liberam substâncias mediadoras da inflamação, chamadas citocinas que aceleram o ritmo de proliferação das células da pele.
Os lugares de predileção da psoríase são os joelhos e cotovelos, couro cabeludo e região lombossacra - todos locais freqüentes de traumas (fenômeno de koebner).
Gravidade
Psoríase pode ser classificada como leve (menos de 3% do corpo), moderada (3 a 10% do corpo) ou severa (mais de 10% do corpo).
A escala PASI (Índice de gravidade de psoríase por área) é muito usada e avalia além da área comprometida, a presença de eritema, infiltração e descamação.
Causas
Está relacionada a um excesso de linfócito T, uma célula de defesa do organismo, sendo portanto uma doença autoimune. Se um dos pais possui psoríase, os filhos possuem cerca de 15-30% de desenvolver também. Os genes envolvidos são chamados de PSORS e numerados de 1 a 9, sendo o PSORS1 responsável por 35-50% dos casos genéticos. Também é fortemente correlacionada com um histórico familiar de diabetes (20-30%), depressão maior (10-30%) e hipertensão (20-40%).
Fatores psicoemocionais, especialmente estresse e depressão, estão associados com o aparecimento (cerca de 82% dos casos) e agravamento dos sintomas. De forma semelhante o clima frio e seco também agravam os sintomas e favorecem seu aparecimento precoce. Não é contagioso. O Fenômeno de Koebner é relatado em 30% dos aparecimentos e aringite em 10%. Outro fator comum é a doença de Crohn, uma doença crônica inflamatória intestinal.
A prova do fator genético é que quando um gêmeo idêntico possui psoríase o outro possui 70% de também desenvolver, sendo a correlação de 30% para gêmeo não-idêntico.
Diagnóstico
Seu diagnóstico é predominantemente clínico observando as manchas na pele. Muitas vezes a artrite psoriática é confundida com a gota, em função de existirem sintomas semelhantes, como articulações inflamadas e extremamente doloridas. Para que se faça um diagnóstico preciso é necessário procurar um bom reumatologista que faça um estudo do histórico de doenças que o indivíduo já teve, além de seus familiares, por ser uma doença hereditária. Às vezes é necessário fazer-se uma artroscopia. Pode-se tratar durante anos equivocadamente os sintomas da psoríase como se fossem manifestações de outras doenças. Por exemplo: dores lombares e rigidez matinal podem ser confundidas com problemas na coluna vertebral; deformações nas unhas podem ser confundidas com ataques de fungos; feridas e escamações no couro cabeludo, atrás das orelhas e nas sobrancelhas podem ser confundidas com dermatite seborréica.
Prevalência
Homens e mulheres são atingidos na mesma proporção, estimada em cerca de 1 a 2% no Brasil, sendo mais comum antes dos 30 e após os 45 anos, podendo, no entanto, surgir em qualquer fase da vida e com grande frequência em pessoas da pele branca, sendo incomum em asiáticos (0,3%) e rara em negros, índios e esquimós. Em nórdicos a prevalência é de 5%.
A faixa etária mais afetada é entre 50 e 60 anos, mas cerca de 70% desenvolvem antes dos 45 anos. Em um estudo com 5600 americanos, 10% tiveram sintomas antes dos 10 anos, 35% antes dos 20 anos e 58% antes dos 30 anos. O aparecimento precoce está associado com fatores ambientais desfavoráveis como o tempo frio e seco e com a predisposição genética.
Foram identificados significativo abalo psicológico em 90% dos pacientes e um aumento preocupante na ideação suicida.
De acordo com um novo estudo da Harvard Medical School, nos Estados Unidos, mulheres que bebem cerveja com frequência têm mais chances de desenvolver psoríase. O estudo, publicado na revista especializada Archives of Dermatology, sugere que a causa do aumento no risco de psoríase pode ser o glúten da cevada, usada na fermentação da cerveja. De acordo com o estudo, as pessoas com psoríase podem ter uma sensibilidade maior ao glúten.
Formas de Tratamento
Em casos leves recomenda-se o tratamento psicológico, a exposição moderada a luz solar e uso de pomadas e hidratantes. Casos moderados podem envolver também a fototerapia, e apenas em casos severos é feito o tratamento sistêmico, por conta dos efeitos colaterais envolvidos.
Emolientes com queratolíticos como ácido salicpilico são particularmente úteis. Pomadas com antralina, coaltar, tazaroteno, 5-fluorouracil e calcipotriol também são eficientes. Devem ser evitados corticosteróides pois podem causar taquifilaxia, estrias e dermatites.
Em casos moderados pode ser feito fototerapia com UVA, que aparenta ser mais eficiente que a UVB. Existem lâmpadas específicas para esse tratamento, que dependerá da cor da pele, gravidade das lesões, idade do paciente e doenças relacionadas para que o tempo de exposição diário seja definido.
O metotrexato é um imunossupressor e anti-inflamatório usado em casos moderados e graves. Não recomendado para crianças e classe D para grávidas. Outra opção é a ciclosporina outro imunossupressor. Caso a imunidade esteja baixa ou em períodos pré-operatórios pode-se usar retinóides (vitamina A sintética) ou terapia biológica com anticorpos monoclonais (MCAs) como alternativa. Alefacept, Inflimabe e Etanercepte são exemplos de terapia biológica.
Prognóstico
Psoríase exige acompanhamento médico por toda a vida, com períodos frequentes de desaparecimento, reaparecimentos e agravamento dos sintomas. Felizmente o tratamento costuma ser bastante eficiente e existe um grande número de opções terapêuticas.
Em 2010, um estudo mostrou que 97% dos pacientes melhoraram com psoralen e ultravioleta A (tratamento conhecido como PUVA).
Pesquisas com lasers e terapia fotodinâmica estão sendo feitas para tratamento de lesões em placas.
Há relatos de pacientes que passaram décadas sem nenhum sintoma.
Dra. Anna Clara
Fisioterapeuta
annaclara.fisio@yahoo.com.br
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